In Portuguese
Devemos considerar para a atuação clínica questões a
partir de uma revisão da literatura recente sobre fluidez
sexual feita sob duas perspectivas, 1) estudos baseados
em entrevistas e questionários online e, 2) estudos que
se utilizam de hipóteses da psicologia evolutiva acerca
da fluidez sexual.
Pesquisas através de entrevistas e questionários indicam
que a fluidez sexual é mais comum em mulheres,
resultado muito mais relacionado ao gênero do que o
sexo biológico, como sugere um estudo com população
trans onde homens trans apresentam mais fluidez em
seus padrões de atração do que mulheres trans. Os resultados
destes estudos confirmam a teoria de Kinsey, de
que a orientação sexual se encaixa muito mais num modelo
contínuo do que no de categorias binárias. Os estudos
acendem a discussão do quão socialmente construída e o
quão imutável a orientação sexual realmente é.
Os estudos de Psicologia Evolutiva não explicam de
maneira completa quais as origens e o valor adaptativo
da fluidez. Apostolous sugere que a fluidez tenha um
valor evolutivo neutro, já que não apresenta uma
ameaça à evolução. Essa hipótese é questionada por
Radtke que aponta o quão machista é a produção
científica e que por isso ela é produzida a partir da perspectiva
do macho. Citando estudos usando macacos
bonobo ao invés de chimpanzés, Radtke sugere que a
fluidez tem valor adaptativo porque promove laços fortes
entre as fêmeas que, por alguma razão, se veem sozinhas
na criação da prole e precisam protegê-la.
Embora o estudo sobre a fluidez sexual ainda são
escassos. O fenômeno apresenta componentes de
construção sócio-cultural fortes, a questão da
orientação é muito mais complexa do que os modelos
binários populares, baseados em categorias sólidas,
sugerem. Mais estudos são necessários com atenção
especial para o aproveitamento na clínica e aplicação
de técnicas neste contexto.
Palabras clave: fluid sex, gender identity, sex orientation
Conflicto de interés y declaración de divulgación:
Ninguno